segunda-feira, 27 de abril de 2015

O Avesso E O Direito - Albert Camus


7º livro lido em 2015
Terminei de ler em 27/04/2015

Flerto com Albert Camus, desde quando comecei a me interessar pelos filósofos existencialistas, Sartre, Beauvoir - que já li algum tempo atrás, pelo menos um livro de cada -, mas com Camus, tive o primeiro contado, se não me engano, com uma matéria de revista de filosofia, em que era dissertada as obras 'O Estrangeiro', e 'O Mito De Sísifo', e aquilo me deixou muito, mas muito intrigado. Pois temas como,  a liberdade, a condição humana, o absurdo da condição humana, o clausuro, a existência e a essência, sempre me atraiu desde que me entendo por homem adulto. E na minha personalidade, sempre me mantive inquieto, com minhas indagações sobre o mundo em que vivo, e pessoas que observo muitas vezes de longe, outras de bem perto.

Lendo a sinopse do livro, escolhi primeiro ler O Avesso e o Direito -pois tenho também 'A Peste' e O Estrangeiro, em estante - , por ser um livro mais cru, Camus escreveu com apenas 22 anos de idade. E na boa, é ate assustador a profundidade com que ele aborda questões da vida, de bagagem, vivência, em que ele mesmo Camus, no prefácio do autor, reconhece alguns anos depois de consagrado. Para uma pessoa que viveu tão pouco, escrever com tal propriedade, e maturidade, é no minimo digna de inveja... pelo menos nessa parte eu fiquei e com muita, porra, Camus é foda nos devaneios significantes!

O Avesso e o Direito, são cinco ensaios literários, ou se preferir, cinco contos, "A Ironia", "Entre o Sim e o Não", Com a Morte Na Alma", "Amor Pela Vida" e "O Avesso e o Direito". Nenhum personagem tem um nome, acredito que Camus quis denotar somente a especifidade humana, ao invés de criar um personagem com características, diferenciando entre um conto e outro somente o sexo dos representados. E todo ensaio tem um ponto comum particular, o abismo de questionamentos quanto a morte e vida. É uma impressão muito forte que o livro deixa, de que Camus era muito obcecado pela iminência da morte, que assombra qualquer ser que se de conta de sua "insignificância" na terra, de estar vivo para logo estar inanimado. 

Nos contos, muitos dos diálogos é do interlocutor que conversa com o eu interior, observando o mundo que o cerca, o cotidiano e as ações inconsciente das pessoas que cerceiam a felicidade, o desejo, a liberdade. 
Em um dos contos duas frases são marcantes: "Não há amor de viver sem desespero de viver" e "Não desejo mais ser feliz, e sim apenas estar consciente". Vejo ai a o limite da linha tênue que separa o delírio da lucidez, pois é ai onde o individuo comprova a legitimidade da sua condição, da sua vontade de viver mesmo em meio ao clausuro, mesmo em meio a solidão.

Solidão, estranheza, eu interior em devaneios e conflitos, o ser desejante, essas são também as alegorias que Camus emprega, embutida no descrever do cotidiano de cada personagem. A sensação de não pertencer ao lugar onde se está, nem de onde se é, isso tudo dentro do existir, em meio as alegrias e felicidades. A prosa vira muitas vezes uma leitura poética, subjetiva. Detalhes que amei nesse livro, pois em outro blog faço um tipo de poesia existencial - e claro, estou a anos luz de Camus.
 A sensação ao terminar de ler O Avesso e o Direito, é de nó na garganta, de um nó nos pensamentos de um entrave na auto reflexão do que é ser, querer e desejar. Camus é um escritor singular porque incita a angustia reflexiva, porque é denso, profundo, inquietante, sensacional.


Artur César
Post Scriptum
neste 27/04/2015



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